quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A antiga capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - Subsídios para a memória


Nos anos vinte do século passado e como pagamento de uma promessa, José Mendes Gouveia ofereceu o terreno e deu inicio, com os incentivos do Cónego Nogueira do Piodão, e certamente com a ajuda dos restantes habitantes da terra, às obras da igreja antiga.
Pouco se sabe sobre o templo inicial, a lembrança é vaga, mas da tradição oral subsiste a certeza que o edifício, de arquitectura vernácula, foi sofrendo várias obras e melhoramentos com o contributo de todo o povo, donde se destaca: obras, quase anuais, de pintura (a cal); reparações do telhado; construção da sacristia; etc.
Surgida de uma promessa, a pequena capela preencheu as necessidades espirituais de um pequeno povo, sem grandes recursos económicos, mas que era imagem reflectida de toda a sua vida, dificuldades e sacrifícios, sendo o seu mais importante símbolo.
O altar da capela foi concebido em talha sobre madeira de castanho. Gizado pelo referido cónego Nogueira, foi concebido num gosto muito sui generis e simples, com uma estrutura associada ao estilo neoclássico mas com laivos de um certo barrocismo, onde se destacam as folhas de acanto. A sua execução ficou a cargo de um artista marceneiro de nome Francisco de Brito, também chamado de Chico Caspirro, oriundo de Corgas e para a decoração foram chamados artistas de Braga que pintaram o referido retábulo em tons de branco, azul e dourados. Deste retábulo subsiste em boas condições a mesa de altar, que podemos encontrar na sacristia da actual igreja, e parte da estrutura já sem policromia numa arrecadação.
Pelo seu tamanho, em 1980, decidiu-se demolir esta capela e no mesmo local se construiu o actual templo.
A velha capela, de valor reconhecido por quase todos os habitantes da terra, guardava informações, significados, mensagens e registos da nossa história humana pelo que se impunha a sua preservação. Numa terra onde o espaço abunda não se percebe o porquê da decisão de destruir o velho templo e no seu local erguer o actual. Apesar de, na opinião de muitos, tal decisão se arrolar como um erro, também não podemos deixar de referir que ela foi tomada com as melhores intenções.

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